reportagens sobre economia
Reportagens: Primeira prova
02/12/2014 às 05h00
Todas as vantagens de pensar por si mesmo
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Por Edson Pinto de Almeida | Para o Valor, de São Paulo
Thiel: evitar a competição o máximo possível e seguir a regra de que sair na frente é uma tática e não uma meta
Para reforçar a tese que expõe em 'De Zero a Um', Peter Thiel, uma das estrelas do Vale do Silício, inverte o sentido da primeira frase do romance Ana Karênina, de Tolstói, segundo a qual "todas as famílias felizes são iguais, e as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira". No mundo dos negócios, ele diz no livro, "todas as empresas felizes são diferentes. As fracassadas é que são iguais: fracassaram para escapar da concorrência." O moral da história, segundo o autor, é que "o monopólio é a condição de todo negócio bem-sucedido." Competir seria para perdedores.
Thiel, um dos fundadores do PayPal, sistema de pagamento virtual, adquirido pelo eBay em 2002, se refere a um modelo específico de monopólio ao qual não cabe nenhuma espécie de favorecimento - muito menos de governos. Trata-se do monopólio criativo. A definição vale para aquelas empresas que "são tão boas no que fazem que nenhuma outra consegue oferecer ao mercado um substituto próximo".
O Google é o exemplo perfeito, segundo o autor, da empresa que foi de zero a um. Criou algo novo - não copiou - e hoje se mantém como um monopólio bem à frente de seus concorrentes. Companhias aéreas estariam no extremo oposto, sujeitas a uma feroz concorrência, o que lhes daria apenas uma pequena fatia do valor que criam. A empresa de Larry Page e Sergey Brin fatura menos, mas ganha cem vezes mais.
Claro que não dá para imaginar o mundo sem as companhias aéreas ou qualquer outra empresa que não seja tão inovadora. Todas acabam lucrando, de um jeito ou de outro, e se tornam felizes cada uma à sua maneira. A inovação de zero a um é para poucos, mas é com essa força criadora que Thiel