RELAÇÃO SALÁRIO MÍNIMO x SALÁRIO IDEAL

Do estipulado ao necessário – a realidade

O salário mínimo instituído por lei foi proposto primeiramente como forma de controlar a proliferação de estabelecimentos que apresentavam condições de trabalho deploráveis na indústria manufatureira. Esses estabelecimentos empregavam um grande número de mulheres e jovens, pagando-os salários mais baixos do que os pagos a homens adultos. Considerava-se que os proprietários tinham um poder de barganha muito forte, e os salários mínimos foram propostos com o intuito de fazer com que todos tivessem um salário “justo”. Com o passar do tempo o foco evoluiu para o de ajudar as famílias e torna-las mais auto suficientes, essa é a função principal do mesmo, porem o salário minimo não atende todas as necessidades de uma familia de um casal e dois filhos atualmente. Outorgado no final de fevereiro e vigente em 1º de março deste ano, o salário mínimo atingiu o valor de R$ 545,00, 256,33% da cesta básica calculada nesta pesquisa. Ou seja, com o salário mínimo nacional oficial, é possível comprar duas cestas básicas e ainda resta cerca de R$ 90,00. Até aí, tudo bem. Porém, o intrigante é questionar e perceber que na cesta básica só há itens que atendem a uma única necessidade: a alimentação. E as necessidades como saúde, educação, moradia, higiene, transporte, vestuário etc?

Pautado nesta “preocupação”, o DIEESE divulga relatórios mensais a fim de se obter o salário necessário (ou ideal), que atenda as variadas despesas básicas de uma família de layout padrão (um casal com até dois filhos). Em janeiro deste ano, quando o salário mínimo até então era de R$ 540,00, o salário necessário era de 2.194,00 segundo o DIEESE. Em outubro (mês do último relatório – mais próximo à data da pesquisa), o ideal passou a ser R$2.329,94 – 4,27 vezes o salário mínimo atual. Tomando por base a cesta básica aqui mensurada (no valor de R$ 212,62), percentualmente, ela representa apenas 9,27% do salário necessário. Em outras palavras, o trabalhador