Relatorio técnico
Ao ler a introdução aos capítulos que correspondem à parte dois do livro História da Loucura de Michel Foucault é perceptível uma análise sobre a consciência da loucura, conceito que sempre foi fragmentado em pontos múltiplos. Mesmo buscando uma consciência crítica e científica da loucura, as obras da consciência prática, mitológica e moral permanecem ao seu redor, não podendo ser ignoradas. A consciência da loucura é, portanto um debate que não se pode concluir. Esse debate coloca em jogo a dificuldade de conciliação entre as formas de consciência.
A consciência crítica da loucura não a define, e sim denuncia a loucura como aberração, comprometendo-se em um julgamento antes de elaborar conceitos, e é exatamente por isso que essa consciência se engana na ausência de medida no ponto entre a loucura e a não loucura, que podem se confundir. Ao fazer uma crítica radical da loucura arrisca-se num conceito duvidoso.
A consciência prática da loucura é a consciência da diferença entre loucura e razão, consciência esta que é possível somente na homogeneidade de um grupo considerado portador da razão. Mas no final a loucura se impõe ao se identificar como homogênea à razão e ao grupo. É uma consciência social e apoiada desde o início e com certeza a mais busca uma transparência de finalidade. É a mais espessa e mais carregada em dramas históricos.
Uma consciência enunciativa é a que define a loucura sem nenhum conhecimento teórico, indicando-a em uma “existência substantiva”. A consciência está aqui ao nível do ser louco, reduzido a uma constatação e não passando, portanto de uma apreensão perceptiva.
Na consciência analítica a loucura aparece isolada de suas formas e fenômenos. É nessa consciência que a loucura alcança a tranquilidade do bem sabido, sendo a totalidade virtual de seus fenômenos, não se