relatorio introduçao aos estudos hiistoricos
Américo Vespúcio não foi um exemplo de virtudes, como seu biógrafo faz questão de mostrar, logo nas primeiras linhas deste livro, que começa assim: “Américo Vespúcio, o homem que deu seu nome ao continente, foi um cafetão na juventude e um mago na maturidade.” E, para não deixar lugar a dúvidas, escreve no último parágrafo: “Vespúcio não estava à altura de nenhum dos ambiciosos papéis que assumiu. Ele não era aplicado o bastante para ser um diplomata, era imprudente demais para ser um grande comerciante, incompetente demais para navegar, ignorante demais para ser um cosmógrafo”. Acrescenta que teve que recorrer à prestidigitação e que parecia encarnar perfeitamente o papel de bufão.
Mas como é que um aventureiro, com tais deficiências de personalidade, chegou a dar o nome a um continente que não descobriu?
Nesta obra escrita em 2006, agora lançada no Brasil, Felipe Fernández-Armesto dedica-se a desmontar os mitos e as fantasias que se acumularam em torno à figura de Américo Vespúcio e às obras escritas ou atribuídas a ele. Inglês de ascendência espanhola, Fernández-Armesto é um dos principais historiadores da época dos descobrimentos. Lecionou nas universidades de Londres e Oxford, ocupou a cátedra de cultura e civilização espanhola da Universidade de Tufts e está agora na Universidade americana de Notre Dame. Escreveu mais de 20 livros. Os mais conhecidos são “Milênio” e “Civilização”.
Das páginas da biografia por ele escrita emerge uma figura complexa, um homem que fracassou nas várias tentativas para estabelecer-se e reinventar-se, mas que foi incrivelmente eficiente em autopromover-se. Como assinala seu biógrafo, foi incompetente para navegar e ignorante para ser cosmógrafo. No entanto, com base nos seus escritos, ganhou fama de ser um navegador extraordinário e um cosmógrafo da mesma estatura que Ptolomeu, considerado o mais renomado geógrafo da Antiguidade.
O florentino Américo Vespucio ficou um tempo a