Relato Experiência em Hospital Psiquiátrico sob processo de desinstitucionalização
A motivação para este relato emergiu a partir de uma experiência profissional – pequena cronologicamente, mas intensa – em um hospital psiquiátricona região de Sorocaba-SP, o qual sofreu várias mudanças após denúncias de maus tratos, assistência e estrutura deficitária da mídia e grupos engajados nos Direitos Humanos, culminando na nova gestão, conduzida pela nomeação de novos gestores pela Prefeitura da cidade.
A partir da nova administração, foram contratados vários profissionais para compor a equipe multiprofissional e assim desenvolver projetos voltados à desinstitucionalização e possível fechamento do hospital. Nesse ensejo, fui contratada para a equipe de Psicologia, envolvida pelo desafio e momento histórico que o hospital, e Sorocaba como um todo, vivia, uma oportunidade de vivenciar uma atuação de todos os profissionais envolvidos a partir dos preceitos da Reforma Psiquiátrica rumo ao objetivo de convidar os usuários a povoarem nosso mundo, do muro para fora.
A rotina foi nos ensinando que apenas com profissionais e gestores bem intencionados não se sustenta o processo de desinstitucionalização: requer espaços para reuniões de reflexão, debruçar-se em experiências anteriores, elaborar projetos, desconstruí-los, conhecer mais profundamente a população, as ofertas de cuidado oferecidas, processos de trabalho da equipe já instalados, espaço físico, possibilidades de articulação da rede, dentre muitas outras questões que nos pareciam contraditórias, mas complementares.
Somada a essas variáveis de complexidades, algo me sustentava: o desejo de ofertar um espaço para a subjetividade dos usuários, aprender uma forma criativa de estabelecer contato com eles, ver e ouvir através do silêncio ou de especificidades que pareciam transitar no “descultural”, divergente da linguagem que usamos. Desejo de conviver com a potencializada e tênue díade loucura e sanidade, presenciar