Relacao Senhorxescravo
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Citada por Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala como o maior dos antagonismos presentes na sociedade e na cultura do Brasil, a relação entre senhor e escravo pode ser analisada sob vários aspectos. Único país das Américas a continuar com o modelo monárquico de governo, o Brasil possuía um estado centralizador muito forte, uma população marcada pela desigualdade social e econômica, um lucrativo comércio de escravos e uma sociedade sem chance de mobilidade social.A própria formação da identidade brasileira se deu de forma diferente dos países fronteiriços e de outras nações, o que explica esse antagonismo. Grandes colônias como os Estados Unidos, formaram uma identidade própria, enraizada em seu território e bastante diversa do modelo vigente em seus países colonizadores. Não aceitando a subserviência impostas por suas metrópoles, essas colônias passaram a travar batalhas para obter sua emancipação e não mais depender de ordens vindas das cortes européias, fazendo valer sua identidade. Na esteira dessas mudanças, ponto fundamental era a relação entre senhor e escravo. Ao conseguirem suas independências, essas novas nações tinham uma população com chances de ascensão social por meio do trabalho, o que os levou a uma sociedade muito mais equiparada e menos desigual.
Na colônia portuguesa os fatos ocorriam de forma peculiar. Com o adensamento da penetração na América, no auge do período renascentista, a Igreja Católica exercia seu poder, enviando missões jesuíticas para dizimar a cultura indígena em nome da catequização do "gentio", como passaram a ser chamados os índios. A administração da colônia foi legada a pessoas ligadas a coroa portuguesa. A cana de açúcar foi a grande responsável pelo primeiro ciclo econômico colonial e pela importação do modelo feudal já existente na Europa de então. Altamente excludente e servil, o modelo se utilizava, nos primeiros anos, da mão de obra indígena, sendo substituído posteriormente pela mão de obra escrava africana.