reestrutura o produtiva
Marx, ao examinar o capitalismo, mostrou como as relações de desigualdade estrutural entre pessoas aparecem como meras relações entre coisas. O fetichismo da mercadoria demonstra como a relação mercantil oculta, no mais simples ato produtivo, a estruturação do poder, a presença das classes e sua organização/desigualdade estrutural.
Tudo se passa como se houvesse uma troca entre mercadorias. A estruturação e a expropriação do sobretrabalho, com todo o seu cortejo de dominação e subalternidade, ëdesapareceí, some na poeira da estrada.
O capitalismo constituiu-se como o horizonte ideológico da sociedade e o fez através do processo de fetichização próprio às relações mercantis. Os trabalhadores foram e estão sendo permanentemente transformados em sujeitos abstractos de uma cidadania e de uma institucionalidade que os negam. Para seus teóricos e práticos o capitalismo apareceu sempre como o fim da história, plena realização da espécie humana, negação da existência das classes antagónicas. Para eles os antagonismos são coisa do passado. Capital e trabalho são parceiros activos. Essa aparência tem o poder de colocar o conjunto das classes subalternas na defensiva.
O movimento real, das classes e dos seus antagonismos, é transformado em algo invisível, em um não-movimento.
O trabalho e o capital são apresentados como elementos de uma história natural sujeita à lei de ferro do mercado.
Além disso, para maior eficácia, atribui-se à tecnologia toda essa imensa transformação: fala-se mesmo em uma revolução tecnológica. O mercado não é compreendido como o conjunto das forças e relações capitalistas de produção. O trabalhador e o capitalista são vistos como funcionários (hierarquicamente diferenciados) das necessidades do consumo. As classes não são portadoras de projectos: são apenas colectivos de compradores ávidos da última moda transformada em necessidade.