Redes sociais
Introdução Este artigo aponta elementos para uma compreensão sociológica do crime organizado no Brasil atual. Duas perspectivas analíticas servem de referência para essa empreitada: a chamada “Nova Sociologia Econômica” (NSE) e a “análise de redes”. Da primeira, tomo como referência algumas das discussões centrais a respeito de conceitos nodais, como transação econômica, contrato e confiança. Nesse percurso, referencio-me nas seminais elaborações do historiador econômico Avner Greiff. A nossa aposta é a de que conceitos e abordagens, inicialmente direcionadas para a apreensão das relações de mercado, podem e devem ser mobilizadas para uma apreensão mais rigorosa das múltiplas realidades sociais comumente definidas como exArtigo recebido em outubro/2007 Aprovado em maio/2008
pressões do crime organizado. Já em relação à análise de redes, recorro a situações concretas, abordadas em pesquisas desenvolvidas ou em desenvolvimento, para apontar uma trilha a ser seguida na investigação sociológica de redes sociais criminosas. A NSE já ultrapassou aquela fase na qual poderia ser identificada, seguindo-se os critérios de Jeffrey Alexander, como a expressão de um “novo movimento teórico” (Alexander, 1987). Vinte anos após a publicação de “Economic action and social structure: the problem of embeddedness”, o seminal artigo de Mark Granovetter que inspirou não apenas uma redescoberta do potencial sociológico da obra de Karl Polanyi, mas deu um novo fôlego à sociologia econômica (não por acaso, a partir de então, identificada como “nova”), esse subcampo, pleno de potencialidades teóricas e possibilidades de pesquisa, já não pode contar mais com a benevolência concedida aos adolescentes. No alvorecer de
RBCS Vol. 24 no 69 fevereiro/2009
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REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 24 No 69 tivo mais terreno: produzir uma apreensão cognitiva do crime