Foi no fim do século XIX, numa época marcada pelo capitalismo em foco e pela crescente globalização trazida pelos avanços tecnológicos, que surgiu o Realismo, diante do tedioso conforto em que vivia a sociedade burguesa. Essa escola literária queria mostrar a natureza humana como é de fato, com defeitos e pecados, destacando a futilidade e a centralização do dinheiro, que permeavam a sociedade burguesa, assim como a pobreza e as dificuldades dos mais necessitados. As obras realistas mostram claramente que os valores românticos, a idealização da vida perfeita, a centralização da emoção e o puritanismo do Romantismo não condizem mais com a mentalidade do povo, e que não havia mais espaço para esconder as imperfeições sob emoções e subjetivismo. O objetivo deste trabalho então, é compreender o Realismo e o contexto histórico em que surgiu analisando e comparando as obras de destaque Madame Bovary, de Gustave Flaubert, O Primo Basílio, de Eça de Queirós, e Três Tesouros Perdidos, de Machado de Assis. Desta forma, foi possível, além de identificar, entender as características do Realismo e o contraste existente entre esta escola literária e o Romantismo; entre o pensamento que predominava nesta época e o da época anterior. No romance Madame Bovary, o protagonista Charles contrapõe claramente a imagem de herói romântico, simplesmente por mostrar-se um homem comum. A idealização da figura heróica do romantismo, do homem belo, que é implacável e jamais se deixaria humilhar, e que está sempre a proteger a mulher e não a ser protegido, como, por exemplo, Peri, do romance O Guarani, é completamente antagônica à descrição de Charles. A obra o primo Basílio, por sua vez, traz um contraste e uma transição entre a mulher do idealismo romântico e a mulher do realismo. De início, essa comparação é feita entre Luiza e Leonor. Luiza é, a princípio, uma autêntica mulher romântica, bela, educada, respeitável e que amava o marido, ao passo que Leonor afasta-se completamente