rconotação
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"Desconhece-te a ti mesmo! Desconhecer-se pode ser o início de uma busca estimulante! Uma amiga me contava na semana passada que iniciou uma nova aventura psicanalítica. Depois de anos, ela encerrou uma análise que lhe permitiu desatar muitos nós de sua vida e iniciou uma nova jornada no divã de outro psicanalista. Não foi uma troca de profissionais. Apenas o reconhecimento de que uma boa história havia se encerrado e o desejo de começar outra. O novo psicanalista perguntou a ela: “O que você espera desta análise?”. Minha amiga respondeu: “Eu quero me desconhecer”. Achei uma excelente resposta. Ou uma ótima pergunta sobre si mesma. Na mesma semana, conversando com outro amigo, de uma área bem diferente, ele me contava que não consegue mais se sentir estimulado pelo que durante as primeiras décadas da sua vida profissional lhe deu grande prazer e reconhecimento. Está mais interessado nos meandros de um novo esporte que começou a praticar do que nos temas que sempre o interessaram. Só que toda a sua vida adulta e sua estabilidade financeira foram construídas sobre aquilo que hoje não lhe dá mais tesão. Ou, seria mais exato dizer, não lhe dá mais tesão fazer do jeito que fazia antes e que deu certo no passado, mas que hoje não faz mais sentido para ele.
A mesma questão tem aparecido em conversas com outros amigos. Por alguma razão – e não exatamente a faixa etária, porque a primeira amiga tem 30 e poucos e o segundo mais de 50 –, estou cercada de pessoas que vivem um momento de vazio. Eu incluída. Quem me acompanha sabe que em março deixei meu emprego na revista Época, mantendo apenas esta coluna, e comecei uma vida sem carteira assinada nem estabilidade e com dinheiro apenas para o básico. Naquele momento, quando escrevi sobre a minha escolha num texto chamado “Escrivaninha Xerife”, eu dizia que meu desejo era me reinventar. Hoje, passados quase cinco meses dessa mudança, descubro que, para