Como explicar a longevidade de uma obra como A Arte da Guerra, do general chinês SunTzu, se os instrumentos de batalha evoluíram tanto no espaço de tempo entre o surgimento deste texto milenar e os nossos dias?Uma pista estaria na maioria dos tratados militares feitos pelos gregos e romanos, que sempre tiveram a preocupação de discutir uma estratégia em particular, ou de resolver um problema de ordem tática. Eles discutiam planos mirabolantes que se aplicavam a uma única situação, como os estratagemas propostos por Arquimedes. Sun Tzu garantiu seu espaço na posteridade ao observar os aspectos constitutivos da guerra, seus elementos formadores. Ateve-se aos pontos que são comuns a todas as batalhas e com isso foi além de todas elas.O autor usa como ponto de partida o importante papel que a guerra desempenha na vida social, sendo a causa da desgraça dos povos. Analisa sua influência na economia e observa o quanto ela é prejudicial ao povo; como general, sabia o quanto a manutenção das tropas custava ao Estado e como a passagem das tropas aumentava a inflação nas províncias. Assim, é do interesse de todos que o conflito, quando necessário, seja resolvido de maneira sucinta, diminuindo a extensão dos danos que invariavelmente provoca.A partir daí, Sun Tzu avalia que elementos devem ser levados em consideração pelo general na busca pelo êxito, salientando sempre a constante necessidade de avaliação da situação estabelecida e de planejamento do passo seguinte. O centro da estratégia é deslocado para o inimigo. Uma vez que sempre os mesmos fatores (terreno, clima, disciplina, comando e moral) devem ser examinados sob a luz das situações possíveis, cabe ao general observar o cumprimento de tais diretrizes e esperar que o inimigo deixe de realizar uma delas para atacar. Só através de toda essa preparação uma nação poderia tornar-se apta a entrar em um conflito armado e obter chances de vitória.É interessante notar como o general chinês e Maquiavel aproximam-se por caminhos