Ramos da filosofia
A natureza dos problemas filosóficos e suas raízes científicas
Júlio Fontana
“Nos últimos cinqüenta anos, tem havido maior controvérsia
acerca da natureza da filosofia do que em qualquer período anterior da história do pensamento ocidental.”
David Pears
Apesar de Popper observar que a indagação sobre o caráter dos problemas filosóficos é mais apropriada do que a pergunta “que é a filosofia”, eu a mantive como mote deste artigo em face de o leitor já estar acostumado a ver tal tipo de questionamento por toda a história da filosofia.
A crítica como ponto de partida
Como é seu costume, Popper nos dirá “o que é Filosofia” criticando concepções as quais ele acha errôneas. Nesse caso em particular, ele críticará o vigoroso e famoso trabalho How I see philosophy [Como eu vejo a filosofia], de Fritz Waismann, e algumas doutrinas constantes no Tractadus logico-philosophicus de Ludwig Wittgenstein.
De fácil percepção é que ambos estão ligados aos tradicionais adversários de
Popper: os positivistas lógicos. Waismann pertenceu ao Círculo de Viena, enquanto
Wittgenstein concedeu a este grupo os seus principais cânones.
Nota-se a oposição que Popper fará às idéias do positivismo lógico em face da sua preocupação em enfatizar que jamais pertenceu ao Círculo. Diz que nunca pertenceu ao Círculo de Viena e que não é um positivista. Entretanto, devo admitir que nosso filósofo “bebeu nessa fonte”, apesar de manter opiniões fortemente contrárias às do Círculo. Isso, aliás, é admitido pelo próprio Popper:
Eu nunca fui convidado para nenhuma das reuniões do Círculo, talvez devido à minha conhecida oposição ao positivismo. Eu teria aceito um convite com imenso prazer, pois não somente alguns dos membros do Círculo eram amigos meus pessoais, mas eu também nutria a maior admiração por alguns dos outros membros.
Às vezes, pergunto-me quem teria pertencido mais ao Círculo de Viena: Popper ou Wittgenstein?
Autor de artigos e