Radio Sintonia Do Futuro Resenha
No capítulo “A Tevê e o Rádio” o autor Mario Fanucchi descreve a relação entre o rádio e a televisão de maneira incomum ao público atual. Ele desvenda o nascimento do meio audiovisual no Brasil, expondo a importância do rádio na criação do meio televisivo nacional, algo raramente discutido no mainstream hoje em dia.
O rádio é visto por alguns como uma antiguidade, algo completamente à parte da televisão. Fannuchi prova o contrário citando a organização das primeiras emissoras nas décadas de 1940 e 1950, descrevendo as suas programações. Os noticiários como carros-chefe da finada Tupi, e um pouco depois, as radionovelas.
O capítulo explora como esses formatos radiofônicos serviram de base para a televisão nos seus primórdios. Principalmente no quesito do radio jornalismo, destacando o trabalho de personalidades decisivas, como Coripheu de Azevedo Marques, chamado pelo autor de “o primeiro âncora”. O livro cumpre bem seu papel informativo, ao demonstrar o início jornalismo crítico e de opinião e ainda a interatividade com a audiência em sessões como a que Coripheu abria dizendo “Reclame, é direito seu!”.
Também são exploradas as realizações no campo do entretenimento na época. É citado o programa “Cinema em casa” de Walter George Durst, como um formato revolucionário para a radionovela. O uso de sonoplastia e recursos de direção provam que o rádio brasileiro, nas suas primeiras décadas era um meio extremamente criativo e vanguardista. Esse programa adaptava sucessos do cinema internacional para o modelo radiofônico.
O livro presta seu maior serviço ao revelar ao leitor tais pérolas da história midiática brasileira, coisas de uma importância esquecida. O mérito do autor é envolver o leitor ao disponibilizar informações e jogar luz sobre um período que merece muito mais reconhecimento.
Stephanie Baccarin 1RTVA