Questão de português comentada.
Texto:
“No meu tempo, já existiam velhos, mas poucos”. A frase de Machado de Assis nos leva a supor que havia mais velhos quando ele próprio se tornou um velho. E hoje, muito mais ainda, embora os manuais de redação recomendem que não se fale mais em “velhos”, mas em “idosos”.
(Carlos Heitor Cony, “Prazo de validade”. Folha de S. Paulo, A2 opinião, 27/10/2011)
No fragmento acima, as formas verbais havia e se tornou foram empregadas para
(A) indicar, respectivamente, uma ação provável e uma ação efetivamente realizada no passado.
(B) indicar, entre ações simultâneas passadas, uma que estava se processando quando sobreveio a outra.
(C) denotar que ambas as ações tiveram a mesma duração momentânea.
(D) substituir, ambas, o futuro do pretérito.
(E) denotar fatos que foram um (o segundo) a consequência do outro (o primeiro).
Comentários:
HAVIA está no pretérito imperfeito do indicativo, ou seja, sempre indica um processo durativo ou, como diz a FCC, uma ação pretérita duradoura; a forma verbal "SE TORNOU" está no pretérito perfeito do indicativo, ou seja, sempre indica uma ação concluída, ação pontual. Resumo da ópera: algo aconteceu ( se tornou) dentro do processo durativo de outra situação ( havia).
Deixe-me dar um exemplo paralelo para vocês: Você me ligou enquanto eu dormia. Comentário: Uma ação se processava ( eu dormia) quando outra aconteceu ( você me ligou).
Compreendeu direitinho? É isso aí. Sendo assim, você conclui que a resposta dessa questão não pode ser outra senão a letra B.
Por que não pode ser a letra A? A forma "ação provável" não vai se aplicar a nenhum desses verbos em destaque, visto que a possibilidade habita no subjuntivo e no futuro do pretérito.
A letra C não cabe porque na explicação você percebeu que, apesar de ambos os verbos se encontrarem no passado, eles não têm a mesma duração: um deles tem processo