Quarta medição de descartes
A análise do erro de Descartes, parte da aparente incompatibilidade entre a existência de um Ser soberano e veraz e criaturas que erram geradas pelo reconhecimento da Regra Geral da Verdade e pela suspensão da hipótese do Deus Enganador. Com isto, tendo em vista a solução desta suposta incompatibilidade, torna-se necessário, primeiramente, responder à pergunta do que é o erro, isto é, uma análise da natureza deste. Pode-se dizer que a investigação cartesiana acerca da natureza do erro desenvolve-se em três hipóteses: ou este é um efeito de um poder que Deus deu às criaturas; ou é fruto de uma negação; ou ainda de uma privação. A primeira hipótese, sustenta que Deus teria nos dado algum poder que tivesse como efeito o erro. Porém, de acordo com Descartes, Deus não nos deu nenhuma faculdade positiva causadora do erro; de fato, isso seria contra a tese da veracidade divina. Antes, como argumenta o filósofo, recebe-se o poder de julgar, que se usado da maneira para o qual foi criado, não resultará em falhas. Daí pode-se concluir que jamais se erra, visto que se tudo que existe é devido a Deus e se não foi recebido dele nenhum poder para errar, então não deve falhar. Todavia, isto é imediatamente rejeitado pelo filósofo, uma vez que o erro é um fato da experiência. Dessa forma, ao pensarmos apenas em Deus, não encontramos nenhuma causa do erro, dado que não possuímos nenhuma faculdade positiva que tenha este efeito. Descartada, portanto, a primeira hipótese, o filósofo defende que devemos buscar a causa do erro em nós mesmos, já que nos reconhecemos sujeitos a uma infinidade de falhas. Dessa forma, ao voltarmos nossa atenção para nós mesmos, nos é apresentada não apenas a ideia real e positiva de Deus, isto é, do Ser Soberano e infinitamente perfeito, mas também uma ideia negativa do nada. Além disso, prossegue o filósofo, nos reconhecemos como algo de intermediário entre Deus e o nada, entre o ser e o não-ser. Com isto, afirma que