quanto custa,quanto dura.
Carlos Gerbase gerbase@pranafilmes.com.br Nada dura para sempre, mas atingimos um grau absurdo de obsolescência programada. No início da década de 1980, quando comecei a fazer filmes na bitola 35mm, na época o padrão profissional, a câmera disponível no Instituto Estadual do Cinema era uma Arri IIC. Com a ajuda inestimável do grande fotógrafo Norberto Lubisco, de quem fui assistente em dois curtas, compreendi como funcionava aquele equipamento pesado e complicado (pelo menos se comparado às pequenas Super-8), que foi desenvolvido na Alemanha pouco antes da II Guerra Mundial para ser colocado nas asas de aviões de reconhecimento.
A Arri IIC utilizada em Verdes Anos, filmado em 1983, foi fabricada por volta de 1964. Já tinha, portanto, uns 20 anos de uso. Não tivemos qualquer problema com ela durante a produção, e a bela fotografia de Christian Lesage foi obtida com uma economia espartana de recursos, que praticamente não oferecia a chance de refazer as tomadas. Dinheiro quase zero e erro quase zero. Essa mesma câmera foi utilizada em dezenas de outros filmes gaúchos nos anos seguintes e, com uma pequena revisão e lubrificação, certamente estaria pronta para voltar à ativa hoje, mais de 50 anos depois de fabricada.
Qual é a vida útil de uma câmera de vídeo dos nossos dias? E de um celular? E de um notebook? Você, leitor, tem algum equipamento eletrônico em uso há mais de cinco anos? Duvido. Eles saem da fábrica com o enterro e o velório já marcados. Perguntamos nas lojas quanto custa, mas ninguém pergunta quanto dura, porque sabemos a resposta: dois, três anos, no máximo. E ai de quem quiser resistir a essa ciranda geradora de milhões de toneladas de lixo eletrônico: consertar é sempre mais caro que substituir, e peças de reposição só podem ser obtidas mediante pesquisa planetária.
Caminhamos sem dúvida para a efemeridade absoluta. Outro dia fui a um jogo do Grêmio e esqueci o radinho, o que só percebi na entrada do estádio. Um