Qualé a da literatura de juazeiro?
Mário de Almeida Pyanelly*
A Literatura sempre foi uma das formas de expressão que mais acolhida encontrou por parte do povo juazeirense. Em décadas passadas, Juazeiro foi mesmo o pólo artístico e literário do Norte baiano e também do Vale do São Francisco. A figura do escritor, do chamado homem de letras como parte do cotidiano do município é uma imagem recorrente da História regional. Pedro Diamantino, Euvaldo Filho, Pedro Raimundo, Luis Galvão, Raimundo Sapucaia são apenas alguns dos vários escritores e poetas que contribuíram para fazer de Juazeiro uma cidade com letras próprias.
No entanto, ao longo da última década não se verificou mais o surgimento de talentos literários que deveriam amadurecer e dar uma amplitude maior à Literatura local, capaz de leva-la para além do território ribeirinho. Ou ainda, se talentos surgiram, eles permaneceram restritos a nichos que, ao invés de se expandirem fizeram o caminho contrário, ou migraram para o município irmão, Petrolina.
É por isso que se torna necessária uma ação coordenada pelo poder constituído para lidar com a Arte, a exemplo do que acontece no município vizinho, com a finalidade de reconduzir Juazeiro ao seu antigo status de vanguarda na produção e na vivência literária sanfranciscana. É preciso, por exemplo, que o esforço realizado por alguns para a criação da Academia de Letras da cidade seja seqüenciado pela publicação de escritores para, inclusive, justificar a existência de uma entidade dessa natureza, e também reconduzir a figura do escritor ao cotidiano juazeirense, recriando o ambiente de interesse pelas letras – que existia em décadas passadas. Afinal, a cultura de um povo não pode ser restrita somente à sua parte material, à sua musculatura cada vez mais ansiosa por silicones, anabolizantes e pragmatismos político-televisivos. Um povo precisa de consciência – e isso é um bê-a-bá que qualquer aborígine de terceira já decorou –, de uma voz interna que se