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29 páginas
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DOSSIÊ
Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 126-146
Fronteiras: da linha imaginária ao campo de conflitos1
JOSÉ LUIZ BICA DE MÉLO*
Introdução ara uma análise das fronteiras nacionais – materiais e simbólicas –, há necessidade de se investigar as formas como os agentes sociais que vivem em um contexto sócio-histórico e geográfico específico analisam o próprio contexto, bem como as relações desse contexto com o de outro
Estado Nacional, como é o caso do campo fronteiriço Brasil-Uruguai.
A noção de campo que constitui o horizonte deste estudo é entendida no plano teórico como forma de pensamento relacional e enquanto noção operacional, como espaço sócio-histórico de disputas por capitais materiais ou simbólicos no qual são definidas as posições dominantes e dominadas (Bourdieu, 1989; Bourdieu, 1996), configuradas a partir de especificidades de ordem histórica e geopolítica, geradoras de um espaço fronteiriço no qual os diversos pares de cidades estabeleceram relações familiares e comerciais que fizeram com que a linha que separa os dois estados nacionais constituísse, no caso de Sant’Ana do Livramento e Rivera, uma fronteira seca, conformando, enquanto fronteira, apenas uma linha imaginária.
Há que se considerar, no entanto, que os brasileiros e os uruguaios da fronteira, embora próximos geograficamente, encontram-se distanciados por
P
* Professor do PPGCSA - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas, UNISINOS, São Leopoldo, RS. Endereço eletrônico: jlbica@poa.unisinos.br
1 Versão modificada em novembro de 2003 do capítulo 4 "Fronteiras revisitadas" de: MÉLO, José Luiz Bica de. Fronteiras abertas: o campo do poder no espaço fronteiriço Brasil - Uruguai no contexto da globalização. 2000. 376 p. Tese (Doutorado em Sociologia). - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
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