pUC aBERTA
Antes de apresentar um conceito de diálogo inter-religioso, quero recorrer a dois outros conceitos que são fundamentais para a existência desse diálogo: flexibilidade e dialogicidade. A flexibilidade é a capacidade que uma religião tem de movimentar-se no campo religioso, atendendo às diversas expectativas daqueles e daquelas que buscam responder às suas inquietações de ordem religiosa. A dialogicidade da religião é definida como sendo o potencial de uma religião em dialogar com as mudanças mais gerais em curso na sociedade, sobretudo aquelas que afetam o campo religioso, e em incorporar elementos de outras expressões religiosas num processo de mixagem religiosa.1 De outra forma, enquanto a expressão flexibilidade da religião refere-se à relação da religião com as expectativas dos sujeitos que aderem a uma concepção religiosa de mundo, a expressão dialogicidade da religião refere-se à relação da mesma com outros atores religiosos e com a sociedade inclusiva.2
A existência do pluralismo religioso e, portanto, do diálogo entre os diversos sujeitos, numa determinada sociedade, vai depender da flexibilidade e da dialogicidade existente no interior do campo religioso. Um campo religioso onde a flexibilidade e a dialogicidade inexistem não favorecerá a existência do diálogo entre as várias religiões existentes. As razões para a existência da flexibilidade e da dialogicidade estão no interior de cada expressão religiosa e dependem dos seguintes aspectos:
— Posição predominante dos leigos na produção dos bens religiosos. Quando a produção religiosa tem como eixo central a presença dos leigos, a flexibilidade e a dialogicidade da religião serão bastante favorecidas.
— Representatividade dos diversos segmentos sociais na religião, Igreja ou grupo religioso. Quanto maior a representatividade dos diversos segmentos sociais no interior da religião, da