PSICOLOGIA DA SAÚDE: A ESTRUTURAÇÃO DE UM NOVO CAMPO DE SABER MARY JANE PARIS SPINK Falar da Psicologia da Saúde como novo campo de saber parece ser, à primeira vista uma temeridade. Afinal, os aspectos psicológicos da saúde/doença vêm sendo discutidos desde longa data e os psicólogos já há muito tempo vêm marcando presença na área da saúde mental. Entretanto, mudanças recentes na forma de inserção dos psicólogos na saúde e a abertura de novos campos de atuação vêm introduzindo transformações qualitativas na prática que requerem, por usa vez, novas perspectivas teóricas. É isto, pois, que nos permite afirmar que estamos defrontando com a emergência de um novo campo de saber. Partimos, assim, da constatação que a Psicologia, em um primeiro momento, entra para o rol das profissões ditas “da saúde” através da aplicação de um know how técnico – derivado da experiência clínica – sem a contrapartida do questionamento desta transposição de técnicas de uma esfera para outra. Aos poucos, entretanto, o saber acumulado na prática, a necessidade de contextualizar esta prática e a própria ampliação no número de psicólogos envolvidos nesta área determinam o surgimento de condições apropriadas para a estruturação de uma Psicologia da Saúde. Campo esse que, por situar as questões da saúde na interface entre o individual e o social, configura-se como uma área da Psicologia Social. É esta contraposição entre o saber psicólogico especificamente voltado às questões da saúde/doença e a prática psicológica nesta área que será o objeto da reflexão empreendida neste texto. A Psicologia embora intimamente relacionada com o conceito de saúde (definida pela Organização Mundial da Saúde como o bem-estar físico, mental e social), como disciplina, chega tardiamente à área da saúde. Temos, atualmente, uma Sociologia da Saúde, uma Antropologia da Saúde e, até mesmo, uma Economia da Saúde com campos bem delimitados e uma vasta produção científica, e com atuação bem definida nos departamentos de