Psicologia hospitalar
Autor: Gilberto Dimenstein
Cidadania
Quando andamos pela cidade, encontramos diariamente meninos de rua. Alguns não fazem nada. Outros estão lavando ou cuidando de carros. São engraxates ou vendedores de balas nos semáforos. Esta cena se tornou tão comum que nem chama mais a atenção. Prepare-se, agora, para uma pergunta que vai parecer maluca: Existe algo de comum entre você e o menino de rua? Certamente veio à sua cabeça a imagem de um menino dormindo na rua, apanhando da polícia. Usa roupas velhas, está descalço, magro e sem tomar banho ou escovar os dentes. E aí, você vai achar a pergunta maluca mesmo. Afinal, você tem casa, estuda, come três vezes por dia, passa as férias na praia ou no campo. Suspeito que a pergunta pode lhe parecer tão boba que você já pensou em largar a leitura deste texto. Mas se você se der ao direito de ter dúvida, vai descobrir muitas coisas. Verá que, para ter a resposta, precisará mergulhar num conceito muito importante para o ser humano: a Cidadania. E precisará olhar não apenas para as ruas, mas para dentro de sua própria casa. Até dentro de seu quarto. Nota-se a ausência de cidadania quando uma sociedade gera um menino de rua. Ele é o sintoma mais agudo da crise social. Os pais são pobres e não conseguem garantir a educação dos filhos. Eles vão continuar pobres, já que não arrumam bons empregos. E aí, seus filhos também não terão condições de progredir. É a famosa pergunta: Quem nasceu antes: o ovo ou a galinha? O garoto é pobre porque não conseguiu estudar em uma boa escola ou é porque não estudou que continua pobre? Esse círculo vicioso não atinge só os pobres. Revela uma sociedade que fecha oportunidades a todos, inclusive para você.
Veja que informação interessante: em 1991, 57% dos alunos que terminaram o segundo grau no Japão