psico
Artur Galvão & J. A. Alves
As Ciências Cognitivas têm um passado muito longo, mas uma história relativamente curta. Remontam aos debates dos filósofos gregos acerca da natureza da mente humana e concretizam-se actualmente na Inteligência Artificial, Neurociências, Filosofia, Linguística e Psicologia Cognitiva.
A tentativa de compreensão do mental não é exclusiva do pensamento ocidental. No contexto da cultura oriental a preocupação pelo mental seguiu, porém, uma matriz mais cósmica e transcendente, tornando-se, por isso, mais difícil uma avaliação científica dos seus resultados, ainda que a tradição budista seja hoje objecto de um significativo interesse por parte de alguns teóricos das ciências cognitivas.
No ocidente, depois dos Gregos, também os filósofos medievais se interrogaram sobre o que é a mente, sua estrutura, origem, relação com o corpo e possível imortalidade. Quem não se delicia com as obras verdadeiramente imortais como o Fedro de Platão, o De anima de Aristóteles, as Confissões de S. Agostinho, e a Summa Theologica de S. Tomás de Aquino? Contudo, a imagem que tradicionalmente temos do ser humano ganhou os seus contornos finais nos séculos XVII e XVIII, com o eixo Descartes-Locke-Kant.
Em todo o seu pensamento filosófico, René Descartes, considerado por alguns o pai da Modernidade, preocupou-se sobretudo em estabelecer conhecimentos tão válidos e certos que nem o mais céptico dos cépticos pudesse duvidar deles. Usando um método introspectivo concebeu-se a si mesmo como uma realidade composta por duas substâncias: mente e corpo. Concebeu a mente como puro pensamento não estando, por isso, sujeita às leis da física nem da biologia; o corpo, material e, portanto, divisível, está sujeito ao princípio da causalidade e à morte. Nesta perspectiva, sob o ponto de vista corporal, o ser humano mais não é que um autómato, comparável a uma máquina biológica; é a mente que é a fonte dos princípios de