psico
Como base para discorrer sobre esse tema foi utilizado o estudo do artigo “A vida depois da vida: Reabilitação psicológica e social na transplantação de órgãos” de Edite Tavares. O processo se divide em passos, o primeiro seria a adaptação, momento pelo qual a pessoa recebe a noticia de que precisara de uma doação de algum órgão ou tecido, tem conhecimento do seu estado e a partir dai sofre mudanças no seu dia a dia em prol da “doença”. Essas adaptações geram uma serie de mudanças no social e no psicológico da pessoa trazendo consigo um turbilhão de sentimentos positivos e negativos.
Quando se recebe a noticia de que encontraram aquele órgão que o transplantado precisava vem à segunda fase, a cirurgia é feita e depois do período de repouso vem o sentimento de euforia, pois o mesmo conseguiu ser transplantado e logo após sentimentos de medo e dúvidas com a adaptação do órgão ao seu corpo. Segundo Edite Tavares (2004), o transplante traz consigo uma parte de outro que antes não vivia em mim e esse outro vem com a função de ter vida em mim e dá vida. Em meio a esses novos sentimentos vêm os questionamentos do eu, como: O Eu continua a existir? Como se dá essa integração do outro em mim? Sou ainda idêntico ou fui modificado? Em algumas das situações esses questionamentos vão levar o receptor à tentativa de criar uma imagem daquele que lhe é desconhecido, ou seja, a simbolização do doador. Viver com um órgão de outrem incorporado exige poder perde-se um pouco de si próprio para mais tarde se reencontrar (Tavares, 2004). O doador anônimo é uma figura em branco para o receptor, e para muitos se faz necessário a construção de uma imagem. Para outros há a incorporação do doador, que é a neutralização desse outro que vive em você, por meio do anonimato, apropriação dos órgãos doados e uma desvalorização da doação.
Para a maioria das pessoas transplantadas se torna impossível ser também um doador e agir de