Psicanálise
Na contemporaneidade, vemos que o trabalho psicanalítico pode-se aplicar em lugares para além do consultório, já que este se trata de uma função e não de um lugar, mas adaptando-se as condições e exigências da clínica atual. No nosso caso, referenciaremos o trabalho no hospital e o psicanalista ali se inserir, deve trazer ao paciente a possibilidade de tratar o insuportável, e dando espaço para que este possa existir no que ele possui de mais singular, sua história, sua subjetividade. Apesar de o mal-estar na civilização permanecer, uma vez que se trata de algo estrutural, as novas formas de manifestação sintomática estão tomando formas diferentes e o paciente que muitas vezes não recorre ao consultório analítico, tem grandes chances de aparecer no hospital. O adoecimento pode levar o paciente ao encontro limite da sua fragilidade, ou seja, ao seu desamparo. Este também pode propiciar a potencialização do sujeito paciente, dando subsídios para que este descubra formas de suportar e encontrar saídas frente a angústia que outrora era impensável, incognoscível. Assim, o paciente possui dois recursos: “permanecer paralisado evitando o aparecimento deste vazio, ou suportar a mudança que já aconteceu, criando recursos para contorná-lo” (29). Há entre o psicanalista e o artista uma pretensão comum: a produção do novo. Assim como o artista que usufrui da criação trazendo “luz aonde não havia nada” (30), o analista também opera com a mesma ferramenta. Quando se ousa dizer que “não havia nada”, já se circunscreve um lugar, lugar este simbólico, “engendrando como vazio o lugar que a obra cria”. (31). Mohallem cita a ideia de Heidegger para exemplificar o que aqui é salientado: o formato do jarro dá forma, dá contorno a um vazio (31). Este exemplo vai de encontro às ideias de Lacan, que se