Psicanalise
O medo de falar em público talvez seja o medo mais comum, tem a ver com o sentimento de perda do controle emocional da situação.
Representa o medo de se deparar com alguma hostilidade.
O medo diante de situações importantes, principalmente o medo de falar em público, talvez seja a agonia mais freqüente que existe. Até hoje não conheci uma pessoa sequer que não possuísse esse medo em algum grau. Muita gente desembaraçada e desinibida em muitos setores da vida vira um molambo trêmulo caso lhe coloquem um microfone na mão. Lembro-me da primeira vez que eu ia falar em público. E não era verdadeiramente uma conferencia; na realidade, era um pequeno grupo de estudos, composto de umas oito ou dez pessoas. Eu tinha 23 ou 24 anos. Foi um horror, dos maiores que já passei pela minha vida. Uma semana antes a idéia já não saia da minha cabeça. As coisas pareciam enevoadas, o chão parecia oscilar como se eu estivesse num navio, ocorriam-me agudas sensações de estranhamento. Quando eu me imaginava indo para o lugar onde faria o seminário, vinham à minha cabeça idéias sinistras, como a de estar indo para um cadafalso ou para a cadeira elétrica. Se eu não estivesse em análise e já entendesse dessas coisas, teria a exata impressão de que estava a um passo de ficar louco. Como eu estava em análise, a sensação era estranha: toda essa angustia me angustiava. Um lado meu ficava sereno e tranqüilo diante do terror que se passava dentro de mim. É que sacava que estava apenas apresentando os sintomas típicos de perda de identidade, e essa perda de identidade se dava por uma sobrecarga de tensão em minha mente.
Minha segunda experiência de falar em público também foi terrível. Dessa vez foi uma conferência mesmo. Era uma conferência no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. E havia mais de 150 pessoas. Como cheguei cedo, fiquei sentado ao lado da porta, esperando que ninguém viesse. Cada pessoas que chegava era como se eu levasse mais um choque