Pseudociese
Fragilidade social e psicologia da saúde
Um exemplo de influências do contexto sobre a saúde
JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*) ANA RITA CORREIA (**)
1. INTRODUÇÃO
Enquanto ciência da saúde, a psicologia da saúde pode ser praticada numa variedade ampla de organizações, desde os serviços de saúde até às empresas, autarquias locais, organizações comunitárias e instituições académicas. No caso dos serviços de saúde está muito mais dependente do discurso, das práticas e das tecnologias médicas do que noutras organizações. Talvez com excepção da prática da psicologia nos cuidados de saúde primários (Centros de Saúde), nos quais a perspectiva principal da intervenção individual e com grupos é a de contribuir para a promoção da saúde e para a prevenção, é relativamente fácil que noutros serviços de saúde fique mais centrada na doença do que na saúde (Marks, 1996). Apesar disto, tem que manter-se na mesma associada às dimensões sociais (e culturais) ligadas à própria prestação dos cuidados (Hardey, 1998) e aos aspectos organizacionais dos próprios serviços. Seja como for, é ne-
(*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa. Sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde. (**) Centro de Saúde da Parede.
cessária uma orientação mais psicossocial que considere o indivíduo como ser social, na perspectiva da influência dos factores sociais, culturais e ambientais sobre os processos psicológicos individuais e comportamentos relacionados com a saúde e a prestação dos cuidados. A psicologia da saúde envolve a consideração do contexto social e cultural onde a saúde e a doença ocorrem, tendo em conta que a saúde depende não só dos comportamentos e estilo de vida individual mas também de influências sociais e comunitárias, condições de vida e de trabalho, e influências culturais e ambientais (Dahlgren & Whitehead, 1991). Isto é particularmente evidente quando se pensa nas principais causas de doença e de