PROVA EAGS 2009 2
As questões de 01 a 04 referem-se ao texto acima.
Aniversário
Álvaro de Campos
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. (...)
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio ...
(...)
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meus Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Vocabulário:
algibeira: bolso que faz parte integrante da roupa
01 – Os versos “O que eu sou hoje é terem vendido a casa,/ É terem morrido todos,/ É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo/ frio...” significam que
a) as coisas mais importantes de sua vida se foram, e ele sofre com isso.
b) o que havia de mais importante na sua vida sobrevive com ele.
c) suas perdas não o atingiram de forma alguma.
d) ele vive na mesma situação do passado.
02 – No verso: “Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...”, o eu poético
a) sente raiva porque era tão feliz quanto é hoje.
b) traz o passado “nos bolsos”, o que seria para ele sinônimo de tristeza.
c) guarda lembranças felizes da infância, mas se enraivece porque não quer nada do passado.
d) sente um forte desejo de vivenciar um presente tão prazeroso quanto o foi seu passado.
03 – Nos seis primeiros versos, qual palavra revela que os aniversários eram festejados sempre?
a) morto
b) religião
c) ninguém
d) tradição
04 – Em qual alternativa os versos revelam que o eu poético valoriza mais o passado que o presente?
a) “Eu era feliz e ninguém estava morto.”
“Hoje já não faço anos./ Duro.”
b) “Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos.”/ “No tempo