Processos essenciais de linguagem figurada
JORGE BERTOLASO STELLA
Não ha língua que não tenha a sua utilidade. E' fato porém que ha idiomas que se distinguem, mais do que outros, como instrumentos do saber. A língua sànscrita mostra o seu valor particular como veículo de cultura.
A historia desta língua é sobremaneira interessante e várias são as suas etapas no desenvolvimento da cultura indiana. Tem ela perto de cinco mil anos. Não é lingua morta, no verdadeiro sentido da palavra, como o hitita, o tocario, o etrusco, etc. Foi sempre viva e viva ainda é hoje, falada na India pelas pessoas cultas. E' claro que, como todas as línguas, especialmente de povos cultos, passou por varias transformações em seu longo trajeto histórico.
A importancia do sànscrito não consiste tanto na sua antigüidade, quanto no modo perfeito como tem sido conservado e na abundancia de formas que êle apresenta.
O livro mais antigo da literatura indiana, o Rig-Véda, é uma coleção de 1.028 hinos, contendo mais ou menos 160.000 palavras. Não se trata, pois, de poucos fragmentos ou breves inscrições, pondera Pizzagalli, mas de um insigne monumento do pensar humano, não confiado ao marmore ou ao bronze, porém à memoria dos homens, vida do seu espirito, luz da sua alma, base da sua civilização e do seu direito.
Notáveis coincidencias léxicas, correspondencias literarias de frases inteiras e de elementos religiosos e sociais nos hinos do Rig-Veda e nas estrofes do Avesta, os dois mais antigos documentos da civilização indiana e iranica, demonstram haver existido um longo periodo em que os povos, possuidores desses documentos, tinham vida em comum.
—
150 —
Foi o sánscrito que deu a Eugenio Burnouf a chave com a qual descobriu a iingua zerda, abrindo destarte o caminho para a filologia do Avesta.
O sànscrito não é um simples dialeto, mas uma língua literaria, imposta no principio como lingua sagrada e hieratica, e depois elaborada pelos gramaticos, especialmente pelo célebre