problemas de roberto
Propagação da gripe das aves já reduz preço da soja
Alda do Amaral Rocha e Cibelle Bouças De São Paulo
A disseminação do vírus letal da gripe das aves em países da Europa contaminou os preços da soja e do milho no mercado internacional. O problema é mais evidente no mercado de soja, onde as cotações recuaram 3,34% desde o início do mês na bolsa de Chicago. Mas os preços do milho caíram 1,9% apenas no pregão de ontem, conforme o Valor Data.
A pressão vem da expectativa de redução da produção de frango na Europa em razão da queda no consumo. Na Itália, a demanda diminuiu 50% nas últimas semanas. Menos frango significa menor demanda por ração, produzida basicamente a partir de milho e soja.
Analistas estimam que no segmento de soja, carro-chefe das exportações brasileiras do agronegócio, o consumo mundial de farelo poderá cair até 8% em 2006. Neste mês, a desvalorização do derivado alcança 5,38% em Chicago. No porto de Paranaguá (PR), segunda principal saída dos embarques brasileiros, há previsões que apontam preço médio do farelo de US$ 190 no primeiro semestre, ante US$ 212 em igual período de 2005.
Para produtores e exportadores brasileiros de soja, o novo fator de pressão sobre as cotações turva de vez o horizonte. Em campanha aberta por renegociação de dívidas e ajuda do governo para sustentar preços, o setor vem de uma crise de liquidez aprofundada pelo câmbio em 2005 e já tinha poucas esperanças de retomar a pujança do início da década.
Com a crise, a área plantada com o grão recuou 5% na safra atual (2005/06) e, no ano passado, a renda agrícola ("da porteira para dentro") foi R$ 7,35 bilhões menor que em 2004. As exportações de grão, farelo e óleo caíram 5,7%, para US$ 10,048 bilhões.
A cadeia produtiva do milho encara crise de liquidez semelhante, mas está menos exposta às oscilações das cotações internacionais pelo fato de o país exportar pouco.
Folha de São Paulo – 15/03/2006
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