Primatologia - Gorilas

«Há mais significado e compreensão mútua quando trocamos um olhar com um gorila do que com qualquer outro animal que eu conheça. A sua visão, a sua audição, o seu sentido do olfato são tão semelhantes aos nossos que eles apreendem o mundo de uma forma muito parecida com a nossa. Vivemos num mesmo tipo de organização social com relacionamentos familiares permanentes. Eles caminham pelo chão como nós, embora sejam imensamente mais fortes do que nós. Se tivéssemos a possibilidade de escapar à condição humana e viver no imaginário mundo de outra criatura, seria certamente entre os gorilas. O macho é uma criatura extremamente poderosa mas só usa a sua força para proteger a sua família e é muito raro haver violência dentro do grupo. Por isso, é uma tremenda injustiça que o homem tenha escolhido o gorila para simbolizar tudo aquilo que é agressivo e violento, quando isso é exatamente aquilo que o gorila não é – e que nós somos». (Sir David Attenboroug, 2002, tradução nossa).
Comportamento cultural
«As discussões em torno da propriedade de se designar como culturais os processos de transmissão social de informação entre os primatas não-humanos esbarram, antes de mais nada em problemas conceituais. As definições tradicionais da antropologia cultural tendem a restringir a cultura, aprioristicamente, ao que é tripicamente humano. McGrew chama a atenção para a necessidade de uma definição operacional – e encontra um esboço na formulação de Kroeber (1928, apud McGrew 1992), que destaca seis características básicas nos processos culturais: inovação, disseminação, padronização, durabilidade, difusão e tradição.» (Ottoni, 1997)
1. Comunicação
Os primatas comunicam para identificar a espécie adequada, género e situação reprodutiva de eventuais parceiros sexuais; para proteção e evasão em situações de predação e para a manutenção de relações sociais. Entre os gorilas foram já identificados pelo menos 22 sons distintos utilizados para comunicação, embora não tenha sido detetada