Presidente Juscelino
REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 32-41, março/maio 2002
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lúcio costa
juscelino
drummond
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sérgio buarque
Na página anterior, o presidente
Juscelino na volta ao Brasil, 1965
Presidente
Juscelino,
os “anos dourados”
MARIA VICTORIA BENEVIDES
(Notas sobre imagem política: JK e FHC)
REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 32-41, março/maio 2002
MARIA VICTORIA DE
MESQUITA BENEVIDES é professora titular da
Faculdade de Educação da
USP e diretora da Escola de Governo-USP. É autora de, entre outros,
O Governo Kubitschek:
Desenvolvimento
Econômico e Estabilidade
Política (Paz e Terra).
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“A glória de meu governo foi manter o regime democrático malgré tout, apesar de todas as tentativas para derrubá-lo. Em 40 anos de vida republicana eu fui o único governo civil que começou e terminou no dia marcado pela
Constituição. Este é um dos títulos de maior benemerência para mim. Sei o que isso significou de esforço continuado, de vigilância constante” (Juscelino Kubitschek, entrevista à autora, Rio, abril de 1974).
C
onheci Juscelino Kubitschek pessoalmente, em plena ditadura, quando escrevia a dissertação de mestrado sobre o período de sua presidência. Recebeu-me, pela primeira vez, em seu escritório no prédio modernista da revista Manchete, ao lado do tradicional Hotel Glória, um dos mais charmosos “postais” do Rio de Janeiro, minha cidade querida. Apesar dos anos de chumbo do terrorismo de Estado e da angústia por nossos heróis da luta armada, eu respirava a saudade do mar numa límpida manhã de primavera, e estava animada com o encontro, vital para a pesquisa que desenvolvia como aluna de Ciências Sociais da
USP. Mas, para minha grande aflição, fui testemunha da ira e da terrível frustração daquele homem de 72 anos, reconhecido por todos como um verdadeiro “animal político” e que seria ferido de morte: acabara de me cumprimentar quando chegou a notícia de que, ao raiar do primeiro de abril, uma década depois do golpe e das cassa-
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ções, os militares