Pre sal
A Petrobras está trabalhando com estimativas que podem não levar a excedente exportável nos próximos dez anos, principalmente em decorrência do aumento do consumo interno.
29/10/2009
Depois de dois anos do anúncio das descobertas de petróleo do pré-sal, o governo apresentou sua proposta de modelagem para a exploração das novas reservas. Não entraremos aqui no mérito do modelo, marcos legais, questões relativas à royalties etc. Vamos nos concentrar em um ponto que não tem sido discutido e que trata dos impactos econômicos do pré-sal.
A primeira questão é que não se sabe exatamente ainda qual será a produção do pré-sal. As projeções do plano de investimento da Petrobras consideram que a produção de petróleo deverá dobrar até 2020. Dos estimados dois milhões de barris deste ano, a produção alcançaria 3,9 milhões em 2020, sendo que a maior contribuição adicional seria da bacia do pré-sal. Ou seja, dobraremos a produção em 10 anos. Parece muito, mas na verdade pode não ser. A diferença é que as perspectivas de crescimento da economia brasileira hoje são muito diferentes do que eram nos anos 80, quando a produção da Bacia de Campos começou. Agora, a perspectiva é de crescimento forte nos próximos anos. Com isso, a expansão da produção pode ser suficiente apenas para a demanda doméstica. Apenas em dois momentos tivemos "sobra" de produção. Primeiro, na década de 50, quando a produção começou e ainda se buscavam usos para o produto. O segundo, na década de 80, porque a Bacia de Campos entrou em funcionamento durante uma crise econômica. Só nessas ocasiões a produção superou a demanda.
Utilizando métodos econométricos, estimamos uma elasticidade na produção de petróleo - PIB média de 1,6 no Brasil. Ou seja, para cada aumento de 1% no PIB brasileiro, a produção de petróleo deveria aumentar cerca de 1,6%, isso descontados os períodos de exceção das décadas de 50 e 80. Considerando um PIB médio de 4,5% de crescimento ao ano