Pra Já
Estamos na era da praticidade, fluidez. Queremos uma internet rápida, fast-food. Acontece que a urgência exigida dos serviços aos consumidores, agora é exigida das pessoas. A vida é urgente. Com esse sentido amplo, subvertemos o verdadeiro significado de urgência, sendo seu novo significado, na verdade, o pra já.
Esse novo significado tem uma raiz explicável. Com o advento da globalização, encurtamos as distâncias e, consequentemente, encurtamos nosso tempo disponível de espera. Somos bombardeados por notícias, atualizações e informações a todo segundo. Para conseguirmos acompanhar tudo, são exigidos aparelhos cada vez mais rápidos, melhores (e com uma certa beleza característica incitada pelo capitalismo). Basta olhar o self-service tecnológico oferecido nas lojas: diversos modelos de smartphones, tablets, etc.
Entretanto, ultrapassamos a barreira material do instantâneo e a estabelecemos em nossos laços efetivos. Através de aplicativos desenvolvidos (ou pelo próprio contato via chamada de celular) conseguimos ter o controle, a cada momento, sobre todos nossos contatos. Ter o controle é algo que cega e satisfaz mais do que cultivar a própria amizade (na maioria das vezes) e, através disso, qualquer mínimo desejo de compartilhar algo se torna uma irremediável urgência, satisfeita pela acessibilidade a que somos submetidos.
Se antes aparelhos celulares ou computadores avançados eram sinônimos de luxo e lazer, hoje eles são obrigações e necessidades; pois, como em tudo há urgência, cria-se a precisão de ser localizado a qualquer momento e de estar conectado ao mundo. Talvez isso seja mais para alimentar o próprio ego (sentir-se necessário e capaz de repetir o jornal diário). Mas tais atos têm como consequência a falta de tolerância com quem não age da mesma forma, além da tamanha dificuldade de impor limites de até onde queremos, realmente, estar on-line.
Com isso, nessa vida instantânea em que dispomos de informações, aparelhos