No discurso indireto, o jornalista se compromete, em parte, com o que está sendo dito. O discurso do outro é utilizado muitas vezes para embasar sua própria opinião a partir da forma como ele foi colocado pelo entrevistado, podendo sofrer alterações gramaticais, para que haja uma nova construção de sentido. A intenção não é repassar as palavras exatamente como foram ditas, mas passar o conteúdo do pensamento. Nesse caso, a função do texto jornalístico deixa de ser apenas informativa e passa a auxiliar no processo de formação de opinião. O jornalista passa a ter mais responsabilidade sobre o que está sendo escrito, pelo ‘tom’ que imprime ao enunciado, ele embute à voz do enunciador todas as informações que foram captadas por ele através daquela mensagem, de forma implícita ou explícita, utilizando suas próprias palavras. “Como há uma única enunciação, todos os traços enunciativos da enunciação desse interlocutor, que foi subordinada à enunciação do narrador, e que, assim tornou-se um locutor são apagados. Dessa forma, os falantes são referidos à situação de enunciação do discurso citante.” (Florin, 2005). Na configuração da mesclagem de vozes nesse tipo de discurso, proposta por Fauconnier e Sweetser, o foco encontra-se ainda no enunciador 1, porém sob o enquadre, ou seja, a visão do enunciador2 (jornalista). Apesar de modificar o discurso, o jornalista tem a intenção de não deixar claro que a sua visão influiu na construção do texto, para isso, atribui características notadas por ele ao discurso do enunciador 2. Segundo Mainegueau, a diferença entre discurso direto e indireto é a seguinte: “Enquanto o discurso direto supostamente repete as palavras de outro ato de enunciação e dissocia dois sistemas enunciativos, o discurso indireto só é discurso citado por seu sentido, constituindo uma tradução da enunciação citada. (...) Como o discurso indireto não reproduz um significante, mas dá um equivalente semântico à enunciação citante, ele