Portugues
Ó Mar salgado, quando do teu sal
(Ó mar, quanto do sofrimento que tens em ti.)
São lagrimas de Portugal!
(Não é o sofrimento, a dor, de portugueses?)
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
(Por te cruzarmos, quantas mães sofrem a morte dos filhos.)
Quantos filhos em vão rezarão!
(Filhos sofrem a morte dos pais.)
Quantas noivas ficaram por casar
(Noivas sofreram a morte dos seus prometidos)
Para que fosses nosso, ó mar!
(Todos este sofrimento para conquistar o mar.)
Valeu a pena? Tudo vale a pena
(Valeu a pena tanto sofrimento, tanta dor e sacrifício?)
Se a alma não é pequena.
(Para uma alma que ambiciona o todo, nenhum sofrimento é demasiado.)
Quem quer passar para além do Bojador
(Quem desejou passar o Bojador, dobrar cabos)
Tem que passar além da dor.
(Aceita que tem de pensar além da dor, que tem de aceitar o sacrifício, pela recompensa.)
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
(Deus fez o mar perigoso e como um precipício)
Mas nele é que espelhou o céu.
(Mas também espalhou no mar o céu)
Fernando Pessoa, em Mensagem.
Métrica:
• Duas sextilhas;
• Alternadamente de 10 e 8 versos excepto o segundo verso de cada sextilha que tem 7.
Esquema rimático:
• Rimas emparelhadas.
Número de versos:
• 12.
Observações:
• Discurso na 2ª e 3ª pessoa;
• Uso da apóstrofe;
• Os tempos verbais estão em contante mudança, o que sugere um movimento circular;
• Estrutura em dois movimentos (1ª estrofe exclama e 2ª estrofe questiona);
• Uso de contradições e oposições (positividade na 1ª estrofe e negatividade na 2ª estofe)
• Este poema, seguindo uma análise que põe lado a lado os 12 poemas do “Mar Português” e os 12 signos do zodíaco, corresponde ao signo de Capricórnio. A essência deste signo está precisamente no cumprimento de uma obra nascida da vocação, mas sem que lhe falte um pouco de