Portugues
As características formais do texto falado ou do texto escrito estão relacionadas com a questão do planejamento.
O texto falado, em geral, é criado no próprio momento da conversação, isto é, não possui rascunho, ao contrário do texto escrito, que pode ser planejado, revisto, rascunhado. A questão do planejamento discursivo é abordada por Ochs (l979), que aponta quatro níveis de planejamento no discurso: falado não-planejado, falado planejado, escrito não-planejado, escrito planejado. A língua oral apresenta uma tendência para o não-planejado. Poderíamos dizer que é planejada localmente, ou seja, é uma atividade administrada passo a passo.
Em geral, a conversação inicia-se com o tópico que motivou a interação, ou seja, ela se estabelece e se mantém desde que exista algo sobre o que conversar e intenção por parte dos interlocutores de manter a interação. O desenvolvimento do tópico, na fala, depende dessa interação, e o rumo do discurso coletivo criado, naquele ato de interação, é construído pelos interlocutores, que podem interromper, acrescentar fatos, mudar o rumo da conversa. O não-planejamento da fala informal é condição indispensável, portanto, para um relacionamento humano produtivo e enriquecedor. Desta forma, o texto conversacional é o resultado de um trabalho cooperativo.
O texto conversacional se apresenta pouco elaborado face à elaboração do texto escrito. Quando falamos, vamos construindo nosso texto. De acordo com a reação do nosso interlocutor, repetimos a informação, mudamos o tom, reformulamos nossa explicação. Há por isso uma tendência a produzir idéias menos complexas do que na escrita.
Embora possa ser reelaborado, o texto escrito - um conto por exemplo - ao ser dado como pronto, não deixa perceber as marcas de sua elaboração: apresenta-se acabado, coeso, com seqüência temporal. Já o texto falado está sempre em andamento. Esta consideração aponta novamente para a questão do planejamento