Max Gehringer No mês passado, meu amigo Ademar fez uma entrevista de emprego. Como qualquer entrevistado, estava angustiado. Mas, pelo menos, se sentia preparado para responder a todas aquelas questões que os entrevistadores costumam fazer. Até que o Ademar começou bem, matando a pau as primeiras perguntas. Foi quando o entrevistador pediu: - Você pode me dar um exemplo de resiliência? E o Ademar, de imediato, respondeu: - Resiliência. Certo. Perfeitamente. Veja bem... Enquanto enrolava, o Ademar ia tentando, mentalmente, encontrar alguma pista que o ajudasse a entender que raio de palavra era aquela. Até que, finalmente, se deu por vencido. E reconheceu que resiliência não fazia parte de seu vocabulário. Resiliência é uma palavra muito usada profissionalmente. Nos Estados Unidos. Lá, o termo é familiar em empresas. Aqui, nem tanto. E é por isso que nossos entrevistadores a adotaram. Ela mostra o grau de atualização do candidato. Ou o grau de afetação do entrevistador. Mas isso não resolvia o problema do Ademar, que estava ali, suando frio. O entrevistador, então, fez aquela cara de catedrático, e explicou. Em física, resiliência é a propriedade que alguns corpos têm de retornar à sua forma original após sofrer uma deformação. Em empresas, é a capacidade, que poucos possuem, de se adaptar rapidamente a uma nova situação. Esse golpe pode ser má sorte, injustiça, ação da concorrência, chegada de um novo chefe, o que for. Para ilustrar, o entrevistador mencionou a bíblica figura de Jó. Jó tinha tudo. Riqueza, terras e uma ótima família. Mas o Senhor lhe foi tirando essas coisas, uma a uma. Até que Jó ficou sozinho e sem nada. A não ser sua inquebrantável fé. Resoluto, ele continuou a orar, como sempre fizera. Como recompensa por não esmorecer, Jó receberia de volta, e com sobras, tudo o que havia perdido. "Seria Jó um modelo de resiliência?", perguntou o entrevistador. E ele mesmo respondeu: "Hoje, não". Para os jós modernos, a fé em Deus