Portugues
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Este é um ensaio não publicado, escrito em 1981, no mesmo ano em que foi publicado A Sociedade Estatal e a Tecnoburocracia (Editora Brasiliense), livro contendo os principais ensaios que havia escrito anteriormente sobre a teoria da nova classe profissional. Nesse livro estão presentes, entre outros, meus dois outros trabalhos centrais sobre a matéria, A Emergência da Tecnoburocracia (1972) e Notas Introdutórias ao Modo de Produção Estatal ou Tecnoburocrático (1977). Eu pretendia incluir este terceiro ensaio num livro a ser publicado em inglês – um projeto que acabou não se realizando. Recentemente reli o trabalho e decidi torná-lo disponível como Texto para Discussão n°.117 do Departamento de Economia da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, novembro de 2002. Ensaio escrito em 1981, no mesmo ano em que foi publicado A Sociedade Estatal e a Tecnoburocracia.. É um ensaio datado, particularmente porque a União Soviética não existe mais, mas acredito que continua sendo relevante para compreender a estrutura social do mundo em que vivemos, não obstante a relativa perda de poder heurístico da análise de classes.
A tecnoburocracia constitui uma classe social na medida em que assume todas as características específicas dessa categoria social. Não é mais um grupo de status, como era a burocracia na época do feudalismo e na fase competitiva do capitalismo. A tecnoburocracia é a classe dominante no estatismo e a classe ascendente no capitalismo tecnoburocrático. Numa formação social que é basicamente controlada pelo Estado, como a União Soviética ou a China, a tecnoburocracia é a classe dominante. Em formações sociais mistas, como nos Estados Unidos, na França ou no Brasil, onde o modo de produção capitalista é dominante, a tecnoburocracia cresce tanto em força como em número, embora esteja subordinada à burguesia. De acordo com a tradição marxista, as classes sociais são grandes grupos