Portugues Instrumental
A simbiose entre o esporte e a TV vem de longe, mas atingiu nos últimos tempos um grau assustador. O futebol profissional é hoje, em grande parte, um evento produzido para a televisão e moldado por ela. Basta lembrar que, por conveniência da grade da programação da Rede Globo (cujas novelas são intocáveis) foram alterados os horários dos jogos noturnos no meio da semana – e às vezes também os do fim de semana. Uma partida começar as 21 h 40 numa quarta-feira pode não ser conveniente para os jogadores nem para os torcedores, mas é ótimo para a TV. Outro exemplo de que a TV comanda hoje o espetáculo futebolístico é a nova onda de festejar os gols: em vez de abraçar companheiros ou correr para a torcida, os jogadores procuram a câmera mais próxima para fazer coreografias, vestir máscaras, exibir mensagens escritas em camisetas e faixas. Ao tirar suas quinquilharias de dentro do calção para mostrar ao espectador, lembram aqueles camelôs televisivos dos “Shop Tours” da vida. E a torcida também faz a sua parte. Depois que a Globo – imitando o velho “Canal 100” – começou a captar imagens de torcedores pitorescos na arquibancada, muitos começaram a ir ao estádio vestidos de maneira bizarra, com a cara pintada, segurando cartazes com mensagens para locutores e emissoras – implorando por cinco minutos de fama. O auge da demonstração do poder monopolista da Globo tem acontecido nos jogos noturnos transmitidos pela emissora do Parque Antarctica. Enquanto a câmera focaliza um prédio vizinho ao estádio, o locutor literalmente manda os moradores apagarem e acenderem a luz. É impressionante. O prédio fica parecendo uma árvore de Natal, o que prova duas coisas. 1) que quase todos os moradores estavam sintonizados na emissora. 2) que aceitam alegremente seu papel de teleguiados. Essa exibição de poder sempre me lembra uma cena poderosa e terrível do filme “Rede de Intrigas”, de Sidney Lumet. O apresentador de um programa de