Portfólio Ciências Sociais
Dada a complexidade do fenômeno cultural, os conceitos multiplicaram-se tanto que uma das principais tarefas da antropologia recente tem sido reconstruir o conceito de cultura, fragmentado por numerosas reformulações. As tentativas modernas de chegar a uma precisão conceitual foram agrupadas por Roger
Keesing nas seguintes vertentes teóricas.
Cultura como um sistema adaptativo. Apesar de divergências entre si, um grupo de antropólogos concebe culturas fundamentalmente como sistemas (de padrões de comportamento socialmente transmitidos comunidades humanas à sua base biológica e ao ecossistema. Inclui tecnologias, modo de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e de organização política, crenças e práticas religiosas e assim por diante. A mudança cultural representa um processo de adaptação dos grupos humanos dentro dos ecossistemas específicos. Trata-se de um enfoque que privilegia os fatores econômicos e seus correlatos sociais sobre os elementos de idéias e de símbolos do sistema cultural, como a religião, a visão de mundo, sistema normativo e organização política.
Cultura como um sistema cognitivo. Um segundo grupo de antropólogos concebe cultura como um sistema de conhecimento, aquilo que as pessoas precisam conhecer ou acreditar para atuar de acordo com a sociedade na qual estão inseridas. Cultura não se identifica com um fenômeno material, com artefatos, comportamentos ou emoções. É antes um modelo de conhecimento, de percepção, interpretação ou de crenças, que estão por trás dos eventos observáveis e descritíveis. Conhecer uma cultura requer decifrar os códigos mentais desse modelo. Cultura como sistema estrutural. Essa perspectiva foi amplamente desenvolvida por Lévi-Strauss. As culturas são consideradas sistemas simbólicos que a mente humana criou num processo de acumulação. As “estruturas mentais inconscientes” seriam universais,