Pollock é, acima de tudo, um filme biográfico, e como tal toda a atenção do espectador centra-se na vida da personagem e raramente no filme como obra total. A realização esteve a cargo de Ed Harris,que interpreta também o papel principal de Jackson Pollock. No que diz respeito à análise da interpretação, pelo facto de ser um filme biográfico, a mesma torna-se difícil, pois não me é possívelcomparar a interpretação com a pessoa real que é representada. Contudo, Ed Harris desempenha com correcção e de uma forma só um pouco estereotipada o papel de um artista problemático, alcoólico, e combaixa auto estima. Marcia Gay Harden, no papel de Lee Krasner, tem uma presença forte que faz com que o seu papel secundário de adjuvante ganhe uma força que equilibra o filme evitando que este tenha deincluir a presença de Pollock em todos os planos. Aliás, as críticas que se costumam ler sobre filmes biográficos acerca da obra favorecer, embelezar, compor, enaltecer, difamar, desfavorecer, ouexagerar na descrição e na narração dos personagens parecem-me, pela razão que referi acima de muitos críticos não conhecerem pessoalmente as individualidades que dão origem ao filme, completamentedesadequadas. Por esse motivo não vou tecer qualquer comentário desse nível a este filme em concreto. Há a tendência popular para se assumir que um filme sobre um artista se torna automaticamente um filmeartístico. E não é o caso de «Pollock». O argumento foi baseado num livro biográfico, e partir daí transformado num filme que narra cronologicamente os eventos mais importantes desde que o seu irmãonotifica que se alistou no exército até ao momento em que morre num acidente de automóvel, depois de passar pelo apogeu da sua carreira. É um filme que termina como começa: mostra Pollock deprimido ealcoólico por não suceder no mundo da