Politica Cabial
RIO – Na avaliação de Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria, a valorização da moeda americana em maio terá impacto de 0,35 ponto percentual na inflação e já faz com que empresas endividadas tenham dificuldade para proteger dívidas no mercado futuro.
Por que o dólar está subindo?
O câmbio está subindo por dois fatores: um é externo, que é a tendência de valorização da moeda americana pelo mundo. Outro problema é interno. Só em maio entraram US$ 10,2 bilhões no país, fruto de captações de empresas lá fora e receita de exportações. Com mais moedas, o dólar poderia ter se desvalorizado ou subido menos. Só que, infelizmente, a tendência está sendo ditada pelo mercado futuro de câmbio, onde ainda existe IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas posições vendidas (apostas na queda do dólar) dos agentes. Na hora de incerteza, as empresas correm para se proteger no mercado futuro e encontram poucos vendedores, por causa do IOF. Isso faz o câmbio se valorizar.
O dólar a R$ 2,15 preocupa?
Não preocupa, mas é bom lembrar que uma alta de 7% do dólar comercial, como vimos em maio, pode ter um impacto de 0,35 ponto percentual no IPCA ao longo dos meses seguintes. Isso é o que diz a teoria econômica. Além disso, empresas endividadas em moeda estrangeira podem sofrer perdas, até porque estão com dificuldades para proteger suas dívidas no mercado futuro.
O BC interveio, mas teve pouco impacto no mercado, por quê?
O Brasil está sem política cambial e isso tira a credibilidade. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o real desvalorizado não preocupava o governo e que ajudaria os exportadores. Menos de 48 horas depois, o Banco Central atuou para tentar impedir a valorização do dólar. Quem o mercado deve ouvir?
. Qual é mesmo a política cambial do Brasil?
Demorou muito pouco a percepção, ou sensação, de que o país tinha recuperado seu regime de câmbio