Poesia
Mas não se preocupe, meu bem, que esse não é um problema só seu. É um mal da gente, desse povo maldito que nós nos formamos que não sabe ouvir e levanta em bandeirada retirante quando alguém vem oferecer amor. Gente que gosta de ser mal tratada, pisada, ver costas viradas e uma mensagem não respondida.
Eu não me acostumei com esse jeito enganoso do ser humano de ensaiar atos e passos, deixando o improviso de lado e a verdade engavetada, como se não precisasse ser devorada.
Eu ainda espero catar no mundo quem não seja como você e tantos outros - quem puxe solene uma cadeira e me ofereça um café quando eu resolver me desaguar. Sim, eu quero ainda me escorrer e me desmanchar - enquanto você resolve ser represa e amargura. Amar cura, sabia? Cura uma alma em desalento, uma saudade debandada, uma dor que virou poesia.
Eu tenho esperança num olhar de encontro e conforto, e é por isso que insisto em rascunhar o sentimento, chegar perto dizer: toma, é pra você. E mesmo que rasguem ou cuspam, que larguem ao lixo ou ao chão, eu entoei minhas palavras e deixei ao vento a missão de fazer chegar.
Tirei peso mal vindo, noites de sono roubadas, deixei ser leve para que eu também assim o fique.
Você pode então ir, de novo e quantas vezes quiser. Quando seu corpo te levar, quando outro cheiro te chamar ou te ofertarem um