poesia
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes e Toquinho
Adélia Prado – Poemas Originais Selecionados
AMOR FEINHO
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé, não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão, o que ele tem é esperança: eu quero um amor feinho.
( poema de Adélia Prado )
(Do livro Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 97)
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AMOR VIOLETA
O amor me fere é debaixo do braço, de um vão entre as costelas.
Atinge meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo e soco. Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida.
( poema de Adélia Prado )
(Do livro Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 83)
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Agora, ó José
É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde, se encostar na parede, as mãos para trás.
Teu paletó abotoado de outro frio te guarda, enfeita com três botões tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica, tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão o teu