Poems
Mundo; tira de nós o que temos nas mãos. E parece que oferece em troca uma busca, um não-prêmio.
É uma dor infinita, é um peso enorme: um sopro.
É lampejo, faísca, intensa, vazia.
Dura, foda, tudo e nada.
Vida é morte, que se adia.
Olhar pra frente e me ver olhando pra trás. Choro por isso. Serão mil lembranças e mais nenhuma. Será um momento que iluminará todos os outros, mas como num museu. Já vividos, empoeirados, escavados, mortos, empalhados, acinzentados. Será a sublime redenção do mais puro sofrimento: mal lembrados, já terminados.
Do mundo dos vivos, emprestamos tudo; do mundo dos mortos não podemos trazer de volta pessoas ou memórias. Apenas pessoas através de memórias. E pessoas vivas como personificação das memórias; um símbolo, uma lenda.
A vontade da morte em nos encher de lembranças, sonhos, sorrisos e realizações, e depois tirá-los...
Coitada da morte, a culpa é do tempo. Ninguém tira nada, só oferece em tom de aviso, com data de validade.
Vida é uma história, uma trajetória.
Uma história mal contada, uma piada engraçada.
Uma anedota, uma piada de mal gosto.
Uma mentira.
Onde se descobre num susto...
Todas as verdades num soluço!
Vida é isso, é aquilo...
É uma dor, uma alegria.
É um amor, uma agonia.
É o caos imerso em sentimentos. Porque não há nada mais humano que sentir.
É fugir da solidão, sem querer estar sozinho nem nunca poder finalmente estar.
É procurar reconhecimento no olhar do outro, sem cessar.
É criação e destruição num ciclo; é fazer parte disso.
É ter dentro de si dois santuários. Um para que as pessoas o habitem: em você, seu corpo. Outro para que só você habite: sua mente.
É uma fortaleza inexpugnável envolta num sorridente abraço materno. É uma caminhada. Solitária e prazerosa, em que se encontra muita, mas muita gente. Mas na qual não se pode ser ninguém, além de si mesmo.
É um local de paz e harmonia imerso nesse caos imerso em sentimentos.
A volta para casa, o retorno para o amigo.
Vida é uma lágrima.
Práxis