Poemas
Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado, a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta, sem emitir um som que fosse impuro nem um clarão maior que o tolerável pelas pupilas gastas na inspeção contínua e dolorosa do deserto, e pela mente exausta de mentar toda uma realidade que transcende a própria imagem sua debuxada no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando quantos sentidos e intuições restavam a quem de os ter usado os já perdera(...)
Sujeitos:
Sujeito simples: E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas
É simples, pois o único núcleo do sujeito é “eu”, que é em primeira pessoa.
Sujeito indeterminado: Abriu-se em calma pura
É indeterminado por que não se sabe quem abriu em calma pura, não tendo sido mencionado antes também.
Sempre que chove
Mario Quintana
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Oração sem sujeito: Sempre que chove
É uma oração sem sujeito porque ver é um verbo que indica um fenômeno da natureza.
Vozes d'África
Castro Alves
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
Sujeitos:
Sujeito elíptico: Há