poema
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Decima
"Sôbolos rios que vão" do poeta português Luís Vaz de Camões.
Sôbolos rios que vão por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei as lembranças de Sião e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente de meus olhos foi manado, e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
Haicai
tudo dito, nada feito, fito e deito
Paulo Leminski
Oitava
"Todos cantam sua terra,"
"Todos cantam sua terra,
Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha:
- Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-e sem quanto tinha."
(Autor: Gonçalves Dias)
Rondó
Rondó dos Cavalinhos
Manuel Bandeira
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo... Tua beleza, Esmeralda, Acabou me enlouquecendo.
Os cavalinhos correndo, E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora E em minhalma — anoitecendo!
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo... O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!
Trova
Nesta casa tão singela
Onde mora um Trovador
É a mulher que manda nela
Porém nos