Pierre Bourdieu
Bourdieu enuncia, no texto em análise, as condições para uma leitura relacional, estrutural e generativa do seu modelo. As noções de espaço social e espaço simbólico não são assim examinadas em si mesmas/ por si mesmas, mas antes postas à prova na investigação, tentando o autor ultrapassar a dicotomia objectivismo/subjectivismo.
É francamente defendida a necessidade da realidade empírica na investigação de modo que, propondo-se a estudar o espaço social francês dos anos 70, a necessidade de comparação torna-se premente, de forma a apreender as variâncias e invariantes de forma a encontrar a estrutura. Assim, relembro, o investigador deve apreender estruturas e mecanismos menos óbvios, de modo a encontrar um modelo de validade universal.
O autor faz uma crítica à leitura substancialista, de senso comum, que, avaliando as práticas em si mesmas e por si mesmas - sem ter portanto em conta todo o universo que as engloba e uma contextualização eficiente -, transforma em propriedades intrínsecas e necessárias de quaisquer grupos as propriedades que lhes são incumbidas num dado espaço e tempo.
Enunciam-se assim as condições para uma leitura adequada da análise da relação entre posições sociais, habitus e escolhas operadas pelos agentes sociais em diferentes práticas.
O espaço social está constituído de tal forma que os agentes se distribuem nele em função da sua posição nas distribuições estatísticas, conforme dois princípios de diferenciação: o capital económico e o capital simbólico. Na primeira dimensão os agentes distribuem-se segundo o volume global do capital que possuem, na segunda segundo a estrutura do seu capital – peso relativo das diferentes espécies de capital no volume total. Concomitantemente, no capital económico os detentores