Peça vidas extra para seus amigos
Gêneros textuais têm sido foco de muita atenção por parte de pesquisadores e professores e é muito comum que sejam tratados como pacotes muito bem delimitados e com características claras e pouco variáveis. Parte-se muitas vezes do pressuposto de que cada gênero é bem definido, possuindo, portanto, um formato a ser seguido. Há muito em comum entre textos que, prototipicamente, pertencem a um mesmo gênero, mas nem todo texto é um exemplar prototípico de um determinado gênero. Sobre o gênero poema, por exemplo, há tantos poemas, de tantos tipos, com formas e formatos tão diferentes que fica difícil muitas vezes explicar porque são todos considerados poemas. Nem vamos entrar na discussão da qualidade desses textos, que às vezes é um critério para que se aceite um texto como sendo um poema ou não (muitas vezes nem como textos são aceitos). A função pode ser um critério que, aliado à forma, pode nos ajudar a classificar os textos em gêneros, mas também não resolve o problema da classificação. Para exemplificar, podemos pensar em uma carta. Uma carta prototípica normalmente começa com uma abertura em que o escritor cumprimenta o destinatário, tem um corpo onde o escritor manifesta suas ideias e um fechamento em que o escritor se despede do destinatário. Mas poderia não ter alguma dessas partes como a abertura ou o fechamento e mesmo assim, não deixaria de ser uma carta. Poderíamos, então, classificar o gênero carta com relação à função. Mas isso também não é tão simples quanto pode parecer. Uma carta em que é feito um convite não deixa de ser uma carta. Como caracterizar, por exemplo, a função do gênero conversa telefônica? As coisas se complicam ainda mais se considerarmos os gêneros digitais. E-mail é um gênero? Um suporte? Um programa? Como caracterizar o texto das mensagens eletrônicas a que chamamos de e-mail?
O mesmo podemos nos perguntar a respeito de site. A dificuldade em classificar textos pode ser facilmente verificada nas nossas