Peça Teatral do Livro "Senhora" de José de Alencar
PRIMEIRA PARTE – O PREÇO
NARRAÇÃO: Aurélia tinha 18 anos quando apareceu pela primeira vez na sociedade fluminense, era rica e formosa por ser órfã vivia Aurélia em companhia de D. Firmina Mascarenhas uma velha parenta viúva, essa parenta não passava de mãe de encomenda para condescender como os escrúpulos da sociedade brasileira que naquele tempo ainda não tinha admitido certa emancipação feminina. Aurélia também tinha um tutor seu tio Lemos, mas essa pessoa a julgar pelo caráter da pupila não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta. Depois dessa entrada triunfal na corte, Aurélia vivia rodeada de pretendentes que a disputavam como se disputa um prêmio. Aurélia tinha uma esperteza admirável em sua idade, avaliava a situação difícil em que se achava daí vinha talvez à expressão cheia de desdém e as revoltas impetuosas que lhe servia de trono. Convencida de que seus inúmeros apaixonados sem exceção de um a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia aplicando a estes pretendentes um certo valor monetário. Em uma noite num cassino fluminense, Lísia Soares sua amiga íntima e que desejava ver Aurélia casada, disse:
LÍSIA SOARES: O que achas da elegância de Alfredo Moreira, Aurélia?
AURÉLIA: É um moço muito distinto Lísia, vale bem como noivo uns cem contos de réis, mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço não me contento com esse.
NARRAÇÃO: Numa manhã, após se deliciar com seu café, Aurélia tomou uma decisão, e através de um criado, enviou uma carta para o seu Sr. Lemos o seu tutor, solicitando que ele viesse imediatamente visitá-la, por volta da hora do almoço chega o Sr. Lemos.
AURÉLIA: Tomei a liberdade de incomodá-lo meu tio para falar-lhe de objeto muito importante para mim, de meu casamento.
LEMOS: Já que esta decidida mesmo a se casar minha sobrinha, vou procurar-lhe um noivo nas condições precisas.
AURÉLIA: Não precisa meu tio, já encontrei o homem